• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Planejar o orçamento é decidir o papel da inteligência artificial na empresa

A tecnologia deixou de ser tema de laboratório ou de experimentação pontual para se tornar uma infraestrutura invisível de eficiência e vantagem competitiva

Durante muito tempo, o processo orçamentário das empresas foi um exercício previsível: projetar receitas, ajustar custos, planejar investimentos e garantir que o caixa sustentasse o crescimento. Mas em um mundo que muda mais rápido do que as planilhas conseguem prever, fazer orçamento como se fazia há dez ou vinte anos é desperdiçar a principal oportunidade que esse instrumento oferece, ou seja, a de preparar a empresa para o futuro, e não apenas para o próximo exercício. Em ambientes voláteis, marcados por transformações tecnológicas e novos modelos de negócio, a elasticidade orçamentária se torna uma vantagem competitiva. As organizações mais bem-sucedidas são as que combinam governança financeira com agilidade, revisam cenários com frequência, trabalham com projeções dinâmicas e, sobretudo, reservam uma linha estratégica de investimento em inovação, tecnologia e inteligência artificial (IA).

A IA deixou de ser um tema de laboratório ou de experimentação pontual. Hoje, ela é infraestrutura invisível de eficiência e vantagem competitiva. Companhias que tratam a IA como um investimento estrutural, e não apenas como um gasto em tecnologia, redesenham seus processos, aceleram a tomada de decisão e multiplicam a produtividade dos times. É o caso de empresas que aperfeiçoaram fluxos complexos de atendimento, otimizaram cadeias de suprimento com modelos preditivos ou automatizaram a leitura de grandes volumes de documentos para agir em tempo real. Esses resultados não surgem de projetos isolados, mas de uma estratégia sustentada por orçamento, cultura e prioridade executiva. Destinar verba para IA significa permitir que a empresa construa uma base de dados confiável, invista em infraestrutura, capacite equipes e desenvolva soluções que reduzam custos e aumentem margens, um efeito direto sobre o resultado financeiro.

Mas há um aviso urgente para quem pensa que apenas alocar verba basta: grande parte das empresas que já investem em IA está cometendo erros estratégicos. Segundo o Goldman Sachs, apenas 14% das grandes empresas realmente aplicam a IA de forma eficaz. E, mais impactante ainda, 41% das ferramentas de IA disponíveis no mercado estão focadas em tarefas “das zonas erradas”, ou seja, em atividades que os colaboradores não querem delegar ou em que a IA ainda não executa com excelência, de acordo uma pesquisa do Instituto de IA Centrada no Humano e do Laboratório de Economia Digital da Universidade de Stanford. Isso significa que boa parte dos investimentos acaba mal alocado, criando expectativas frustradas, desperdícios e fricções internas.

No momento de projetar o orçamento, não basta reservar verba genérica para “tecnologia” ou “inovação”. A IA deve estar no centro do planejamento, com metas e métricas claras de retorno, e com uma estratégia de adoção cuidadosa. E se quase metade das ferramentas usadas se concentra nas zonas erradas de automação, isso pede que o gestor, já na fase orçamentária, exija critérios rígidos de escolha e governança de uso. Não será suficiente inserir “IA” no orçamento; será necessário monitorar uso, revisar hipóteses e interromper iniciativas com baixo retorno.

Embora as grandes corporações costumem liderar os debates sobre planejamento e tecnologia, esse movimento não se restringe a elas. Pequenas e médias empresas também precisam incorporar a IA e a inovação ao seu planejamento orçamentário. Para esse grupo, o impacto tende a ser ainda mais direto: soluções baseadas em IA podem reduzir custos operacionais, automatizar tarefas repetitivas e liberar tempo das equipes para atividades estratégicas. Com o avanço das ferramentas acessíveis e o modelo de software como serviço, já não é necessário dispor de grandes estruturas para colher benefícios reais. O essencial é planejar com antecedência, prever investimento, capacitar pessoas e criar uma cultura de uso responsável da tecnologia. Independentemente do porte, o futuro competitivo de qualquer negócio será determinado pela forma como ele combina inteligência humana e artificial.

O final do ano é crítico nesse processo. É nesse período que a maioria das empresas já projeta receitas, revisa premissas macroeconômicas e define prioridades para o próximo exercício. O que muitas vezes é tratado como uma rotina administrativa pode ser, na verdade, um momento decisivo de estratégia. O orçamento é o espelho do que a empresa considera essencial e, portanto, revela se a inovação é discurso ou prática. As organizações que enxergam o planejamento financeiro como instrumento vivo, revisado de forma contínua e conectado à agenda de transformação digital, constroem resiliência e antecipam mudanças. Reservar espaço para IA não é um luxo nem uma tendência; é uma forma de garantir relevância e competitividade num ambiente em que a eficiência será cada vez mais algorítmica.