• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Impactos da reforma tributária e reflexos no valuation na avaliação de ativos

O sistema tributário brasileiro, notório por sua complexidade e elevado custo, representa um dos maiores desafios para a competitividade das empresas e para a atração de investimentos no país

O sistema tributário brasileiro, notório por sua complexidade e elevado custo, representa um dos maiores desafios para a competitividade das empresas e para a atração de investimentos no país. A reforma tributária recente, materializada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e pelas Leis Complementares, como o Projeto de Lei Complementar nº 68/2024, que resultou na Lei Complementar nº 214/2025, tem por objetivo reestruturar o sistema por meio da introdução do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, formado pelo IBS e CBS, trazendo um novo paradigma tributário.

Essa transformação não é apenas uma mudança normativa; ela exerce impacto direto e profundo sobre o valuation das empresas e a avaliação de seus ativos. A simplificação da apuração tributária, a eliminação da cumulatividade e a possível redução da carga tributária em setores estratégicos podem resultar em melhorias significativas no fluxo de caixa operacional e na rentabilidade, elementos fundamentais na precificação e valoração econômica das companhias.

Todavia, o valuation diante dessa reforma passa a conviver com um cenário de incertezas e complexidades. Embora a base legal esteja consolidada, ainda aguardamos a regulamentação detalhada da Receita Federal, por meio das instruções normativas que definirão a operacionalização prática do novo sistema tributário. Essa etapa regulatória é essencial para assegurar segurança jurídica e permitir a precisão necessária nas projeções fiscais incorporadas aos modelos de avaliação.

O processo de transição, que se estenderá até 2033, impõe aos contribuintes a coexistência dos sistemas tributários antigo e novo, elevando os custos de conformidade e introduzindo riscos de volatilidade nos resultados financeiros. Essa conjuntura impacta diretamente a previsibilidade dos fluxos de caixa futuros, dificultando a modelagem financeira e a correta avaliação dos ativos, exigindo dos analistas maior rigor técnico e a adoção de múltiplos cenários para mitigar riscos.

Além do impacto tributário direto, a reforma impõe ajustes relevantes nas práticas contábeis, afetando o reconhecimento de ativos e passivos, com consequências sobre as demonstrações financeiras e a distribuição de dividendos — fatores que devem ser incorporados aos processos de valuation.

Somam-se a esses aspectos os fatores macroeconômicos e políticos que atravessam o país, como inflação, taxas de juros e instabilidades regulatórias, que ampliam o espectro de variáveis a serem consideradas nas avaliações econômicas, tornando o cenário ainda mais desafiador.

Spacca
Em suma, a reforma tributária brasileira representa uma oportunidade singular para modernizar o sistema fiscal e potencialmente valorizar os ativos empresariais e o ambiente de negócios como um todo. Entretanto, o êxito na incorporação desses benefícios ao valuation dependerá crucialmente da regulamentação futura, da estabilidade jurídica e da capacidade das empresas e investidores de adaptarem seus modelos de análise às novas realidades tributárias e econômicas.

Complemento prático: ajustando o valuation frente à reforma
1. Revisão das projeções de fluxo de caixa: O primeiro passo é recalibrar os modelos financeiros considerando as novas alíquotas e bases de cálculo do IBS e CBS, além da previsão da eliminação da cumulatividade. Isso significa analisar detalhadamente como a redução ou alteração da carga tributária afetará o caixa operacional líquido, principal insumo para o valuation.

2. Cenários múltiplos e sensibilidade: Dada a incerteza sobre a regulamentação definitiva e o longo período de transição, é fundamental trabalhar com cenários diversos (otimista, conservador e pessimista). Testar a sensibilidade do valuation a variações nas alíquotas, prazos de implementação e custos adicionais da dupla conformidade tributária.

3. Incorporação dos custos de transição: Durante a coexistência dos sistemas antigo e novo, os custos administrativos e operacionais tendem a crescer. Esses custos devem ser identificados e incorporados nas despesas operacionais projetadas, pois impactam diretamente o fluxo de caixa e, portanto, a avaliação do ativo.

4. Adequação contábil e impactos no resultado: Avaliar os efeitos das mudanças na contabilização de ativos, passivos e tributos diferidos, conforme as normas do CPC, garantindo que as demonstrações financeiras reflitam adequadamente as novas obrigações tributárias, para que o valuation não fique distorcido.

5. Monitoramento da regulamentação e jurisprudência: Acompanhar continuamente as instruções normativas da Receita Federal e eventuais decisões judiciais, que poderão alterar interpretações e procedimentos fiscais, afetando o valuation e a estratégia tributária da empresa.

6. Análise setorial e competitiva: Avaliar como a reforma impactará a indústria específica da empresa, pois setores distintos terão efeitos variados. Essa análise permite ajustes finos no valuation, considerando possíveis ganhos ou perdas de competitividade.

7. Incorporação de riscos políticos e econômicos: Os fatores macroeconômicos e políticos — como inflação, juros e estabilidade regulatória — devem ser incorporados na taxa de desconto ou no prêmio de risco, refletindo a volatilidade esperada no ambiente de negócios.